O time é o Ferrugem Futebol Clube, a revista é a Desenredos e a camisa é 10.
quarta-feira, 26 de março de 2014
terça-feira, 25 de março de 2014
Um cinturão
As minhas primeiras relações com a justiça foram
dolorosas e deixaram-me funda impressão. Eu devia ter quatro ou cinco anos, por
aí, e figurei na qualidade de réu. Certamente já me haviam feito representar
esse papel, mas ninguém me dera a entender que se tratava de julgamento.
Batiam-me porque podiam bater-me, e isto era natural.
Os golpes que recebi antes do caso do cinturão,
puramente físicos, desapareciam quando findava a dor. Certa vez minha mãe
surrou-me com uma corda nodosa que me pintou as costas de manchas sangrentas.
Moído, virando a cabeça com dificuldade, eu distinguia nas costelas grandes
lanhos vermelhos. Deitaram-me, enrolaram-me em panos molhados com água de sal –
e houve uma discussão na família. Minha avó, que nos visitava, condenou o procedimento
da filha e esta afligiu-se. Irritada, ferira-me à toa, sem querer. Não guardei
ódio a minha mãe: o culpado era o nó. Se não fosse ele, a flagelação me haveria
causado menor estrago. E estaria esquecida. A história do cinturão, que veio
pouco depois, avivou-a.
Meu pai dormia na rede, armada na sala enorme. Tudo
é nebuloso. Paredes extraordinariamente afastadas, rede infinita, os armadores
longe, e meu pai acordando, levantando-se de mau humor, batendo com os chinelos
no chão, a cara enferrujada. Naturalmente não me lembro da ferrugem, das rugas,
da voz áspera, do tempo que ele consumiu rosnando uma exigência. Sei que estava
bastante zangado, e isto me trouxe a covardia habitual. Desejei vê-lo
dirigir-se a minha mãe e a José Baía, pessoas grandes, que não levavam pancada.
Tentei ansiosamente fixar-me nessa esperança frágil. A força de meu pai
encontraria resistência e gastar-se-ia em palavras.
Débil e ignorante, incapaz de conversa ou defesa,
fui encolher-me num canto, para lá dos caixões verdes. Se o pavor não me
segurasse, tentaria escapulir-me: pela porta da frente chegaria ao açude, pela
do corredor acharia o pé do turco. Devo ter pensado nisso, imóvel, atrás dos
caixões. Só queria que minha mãe, sinhá Leopoldina, Amaro e José Baía surgissem
de repente, me livrassem daquele perigo.
Ninguém veio, meu pai me descobriu acocorado e sem
fôlego, colado ao muro, e arrancou-me dali violentamente, reclamando um
cinturão. Onde estava o cinturão? Eu não sabia, mas era difícil explicar-me:
atrapalhava-me, gaguejava, embrutecido, sem atinar com o motivo da raiva. Os
modos brutais, coléricos, atavam-me; os sons duros morriam, desprovidos de
significação.
Não consigo reproduzir toda a cena. Juntando vagas
lembranças dela a fatos que se deram depois, imagino os berros de meu pai, a
zanga terrível, a minha tremura infeliz. Provavelmente fui sacudido. O assombro
gelava-me o sangue, escancarava-me os olhos.
Onde estava o cinturão? Impossível responder. Ainda
que tivesse escondido o infame objeto, emudeceria, tão apavorado me achava.
Situações deste gênero constituíram as maiores torturas da minha infância, e as
consequências delas me acompanharam.
O homem não me perguntava se eu tinha guardado a
miserável correia: ordenava que a entregasse imediatamente. Os seus gritos me
entravam na cabeça, nunca ninguém se esgoelou de semelhante maneira.
Onde estava o cinturão? Hoje não posso ouvir uma
pessoa falar alto. O coração bate-me forte, desanima, como se fosse parar, a
voz emperra, a vista escurece, uma cólera doida agita coisas adormecidas cá
dentro. A horrível sensação de que me furam os tímpanos com pontas de ferro.
Onde estava o cinturão? A pergunta repisada
ficou-me na lembrança: parece que foi pregada a martelo.
A fúria louca ia aumentar, causar-me sério
desgosto. Conservar-me-ia ali desmaiado, encolhido, movendo os dedos frios, os
beiços trêmulos e silenciosos. Se o moleque José ou um cachorro entrasse na
sala, talvez as pancadas se transferissem. O moleque e os cachorros eram
inocentes, mas não se tratava disto. Responsabilizando qualquer deles, meu pai
me esqueceria, deixar-me-ia fugir, esconder-me na beira do açude ou no quintal.
Minha mãe, José Baía, Amaro, sinhá Leopoldina, o moleque e os cachorros da
fazenda abandonaram-me. Aperto na garganta, a casa a girar, o meu corpo a cair
lento, voando, abelhas de todos os cortiços enchendo-me os ouvidos – e, nesse
zunzum, a pergunta medonha. Náusea, sono. Onde estava o cinturão? Dormir muito,
atrás de caixões, livre do martírio.
Havia uma neblina, e não percebi direito os movimentos
de meu pai. Não o vi aproximar-se do torno e pegar o chicote. A mão cabeluda
prendeu-me, arrastou-me para o meio da sala, a folha de couro fustigou-me as
costas. Uivos, alarido inútil, estertor. Já então eu devia saber que gogos e
adulações exasperavam o algoz. Nenhum socorro. José Baía, meu amigo, era um
pobre-diabo.
Achava-me num deserto. A casa escura, triste; as
pessoas tristes. Penso com horror nesse ermo, recordo-me de cemitérios e de
ruínas mal-assombradas. Cerravam-se as portas e as janelas, do teto negro
pendiam teias de aranha. Nos quartos lúgubres minha irmãzinha engatinhava,
começava a aprendizagem dolorosa.
Junto de mim, um homem furioso, segurando-me um
braço, açoitando-me. Talvez as vergastadas não fossem muito fortes: comparadas ao
que senti depois, quando me ensinaram a carta de A B C, valiam pouco.
Certamente o meu choro, os saltos, as tentativas para rodopiar na sala como
carrapeta eram menos um sinal de dor que a explosão do medo reprimido. Estivera
sem bulir, quase sem respirar. Agora esvaziava os pulmões, movia-me num
desespero.
O suplício durou bastante, mas, por muito
prolongado que tenha sido, não igualava a mortificação da fase preparatória: o
olho duro a magnetizar-me, os gestos ameaçadores, a voz rouca a mastigar uma interrogação
incompreensível.
Solto, fui enroscar-me perto dos caixões, coçar as
pisaduras, engolir soluços, gemer baixinho e embalar-me com os gemidos. Antes
de adormecer, cansado, vi meu pai dirigir-se à rede, afastar as varandas,
sentar-se e logo se levantar, agarrando uma tira de sola, o maldito cinturão, a
que desprendera a fivela quando se deitara. Resmungou e entrou a passear
agitado. Tive a impressão de que ia falar-me: baixou a cabeça, a cara enrugada
serenou, os olhos esmoreceram, procuraram o refúgio onde me abatia, aniquilado.
Pareceu-me que a figura imponente minguava – e a
minha desgraça diminuiu. Se meu pai se tivesse chegado a mim, eu o teria
recebido sem o arrepio que a presença dele sempre me deu. Não se aproximou:
conservou-se longe, rondando, inquieto. Depois se afastou.
Sozinho, vi-o de novo cruel e forte, soprando,
espumando. E ali permaneci, miúdo, insignificante, tão insignificante e miúdo
como as aranhas que trabalhavam na telha negra.
Foi esse o primeiro contato que tive com a justiça.
(Graciliano Ramos, Infância)
domingo, 16 de março de 2014
Duas traduções de um poema de Yeats
Sailing to Byzantium
I
That is no country for old men. The
young
In one another's arms, birds in the trees
— Those dying generations — at their song,
The salmon-falls, the mackerel-crowded seas,
Fish, flesh, or fowl, commend all summer long
Whatever is begotten, born, and dies.
Caught in that sensual music all neglect
Monuments of unageing intellect.
A tattered coat upon a stick, unless
Soul clap its hands and sing, and louder sing
For every tatter in its mortal dress,
Nor is there singing school but studying
Monuments of its own magnificence;
And therefore I have sailed the seas and come
To the holy city of Byzantium.
Come from the holy fire, perne in a gyre,
And be the singing-masters of my soul.
Consume my heart away; sick with desire
And fastened to a dying animal
It knows not what it is; and gather me
Into the artifice of eternity.
My bodily form from any natural thing,
But such a form as Grecian goldsmiths make
Of hammered gold and gold enamelling
To keep a drowsy Emperor awake;
Or set upon a golden bough to sing
To lords and ladies of Byzantium
Of what is past, or passing, or to come.
(W. B. Yeats)
Abraçados, pássaros que nas árvores cantam
— essas gerações moribundas —
Cascatas de salmões, mares de cavalas,
Peixe, carne, ave, celebrando ao longo do Verão
Tudo quanto se engendra, nasce e morre.
Prisioneiros de tão sensual música todos abandonam
Os monumentos de intemporal saber.
Um andrajo apoiado num bordão, a não ser que
A alma aplauda e cante, e cante mais alto
Cada farrapo da sua mortal veste.
Nem há escola de canto somente o estudo
Dos monumentos de seu próprio esplendor;
Por isso cruzei os mares e cheguei
À sagrada cidade de Bizâncio.
III
Oh,
sábios que estais no sagrado fogo de Deus
Qual dourado mosaico sobre um muro,
Vinde desse fogo sagrado, roda que gira,
E sede os mestres do meu canto, da minha alma.
Devorai este meu coração; doente de desejo
E atado a um animal agonizante
Ele não sabe o que é; juntai-me
Ao artifício da eternidade.
IV
Da
natureza liberto jamais de natural coisa
Retomarei minha forma, meu corpo,
Mas formas outras como as que o ourives grego
Em ouro forja e esmalta em ouro
Para que o sonolento Imperador não adormeça;
Ou em dourado ramo pousado, cantarei
Para damas e senhores de Bizâncio
Cantarei o que passou, o que passa, ou o que virá.
Aquela não é terra para velhos. Gente
jovem, de braços dados, pássaros nas ramas
— gerações de mortais — cantando alegremente,
salmão no salto, atum no mar, brilho de escamas,
peixe, ave ou carne glorificam ao sol quente
tudo o que nasce e morre, sêmen ou semente.
Ao som da música sensual, o mundo esquece
as obras do intelecto que nunca envelhece.
Um homem velho é apenas uma ninharia,
trapos numa bengala à espera do final,
a menos que a alma aplauda, cante e ainda ria
sobre os farrapos do seu hábito mortal;
nem há escola de canto, ali, que não estude
monumentos de sua própria magnitude.
Por isso eu vim, vencendo as ondas e a distância,
In one another's arms, birds in the trees
— Those dying generations — at their song,
The salmon-falls, the mackerel-crowded seas,
Fish, flesh, or fowl, commend all summer long
Whatever is begotten, born, and dies.
Caught in that sensual music all neglect
Monuments of unageing intellect.
II
An
aged man is but a paltry thing,A tattered coat upon a stick, unless
Soul clap its hands and sing, and louder sing
For every tatter in its mortal dress,
Nor is there singing school but studying
Monuments of its own magnificence;
And therefore I have sailed the seas and come
To the holy city of Byzantium.
III
O
sages standing in God's holy fire
As
in the gold mosaic of a wall,Come from the holy fire, perne in a gyre,
And be the singing-masters of my soul.
Consume my heart away; sick with desire
And fastened to a dying animal
It knows not what it is; and gather me
Into the artifice of eternity.
IV
Once
out of nature I shall never takeMy bodily form from any natural thing,
But such a form as Grecian goldsmiths make
Of hammered gold and gold enamelling
To keep a drowsy Emperor awake;
Or set upon a golden bough to sing
To lords and ladies of Byzantium
Of what is past, or passing, or to come.
(W. B. Yeats)
RUMO
A BIZÂNCIO
I
Este
país não é para velhos. JovensAbraçados, pássaros que nas árvores cantam
— essas gerações moribundas —
Cascatas de salmões, mares de cavalas,
Peixe, carne, ave, celebrando ao longo do Verão
Tudo quanto se engendra, nasce e morre.
Prisioneiros de tão sensual música todos abandonam
Os monumentos de intemporal saber.
II
Um
velho é coisa sem valor,Um andrajo apoiado num bordão, a não ser que
A alma aplauda e cante, e cante mais alto
Cada farrapo da sua mortal veste.
Nem há escola de canto somente o estudo
Dos monumentos de seu próprio esplendor;
Por isso cruzei os mares e cheguei
À sagrada cidade de Bizâncio.
III
Qual dourado mosaico sobre um muro,
Vinde desse fogo sagrado, roda que gira,
E sede os mestres do meu canto, da minha alma.
Devorai este meu coração; doente de desejo
E atado a um animal agonizante
Ele não sabe o que é; juntai-me
Ao artifício da eternidade.
IV
Retomarei minha forma, meu corpo,
Mas formas outras como as que o ourives grego
Em ouro forja e esmalta em ouro
Para que o sonolento Imperador não adormeça;
Ou em dourado ramo pousado, cantarei
Para damas e senhores de Bizâncio
Cantarei o que passou, o que passa, ou o que virá.
(Trad. José Agostinho Baptista)
VIAJANDO
PARA BIZÂNCIO
Aquela não é terra para velhos. Gente
jovem, de braços dados, pássaros nas ramas
— gerações de mortais — cantando alegremente,
salmão no salto, atum no mar, brilho de escamas,
peixe, ave ou carne glorificam ao sol quente
tudo o que nasce e morre, sêmen ou semente.
Ao som da música sensual, o mundo esquece
as obras do intelecto que nunca envelhece.
Um homem velho é apenas uma ninharia,
trapos numa bengala à espera do final,
a menos que a alma aplauda, cante e ainda ria
sobre os farrapos do seu hábito mortal;
nem há escola de canto, ali, que não estude
monumentos de sua própria magnitude.
Por isso eu vim, vencendo as ondas e a distância,
em
busca da cidade santa de Bizâncio.
Ó sábios, junto a Deus, sob o fogo sagrado,
como se num mosaico de ouro a resplender,
vinde do fogo santo, em giro espiralado,
e vos tornai mestres-cantores do meu ser.
Rompei meu coração, que a febre faz doente
e, acorrentado a um mísero animal morrente,
já não sabe o que é; arrancai-me da idade
para o lavor sem fim da longa eternidade.
Livre da natureza não hei de assumir
conformação de coisa alguma natural,
mas a que o ourives grego soube urdir
de ouro forjado e esmalte de ouro em tramas,
para acordar do ócio o sono imperial;
ou cantarei aos nobres de Bizâncio e às damas,
pousado em ramo de ouro, como um pássa-
ro, o que passou e passará e sempre passa.
Ó sábios, junto a Deus, sob o fogo sagrado,
como se num mosaico de ouro a resplender,
vinde do fogo santo, em giro espiralado,
e vos tornai mestres-cantores do meu ser.
Rompei meu coração, que a febre faz doente
e, acorrentado a um mísero animal morrente,
já não sabe o que é; arrancai-me da idade
para o lavor sem fim da longa eternidade.
Livre da natureza não hei de assumir
conformação de coisa alguma natural,
mas a que o ourives grego soube urdir
de ouro forjado e esmalte de ouro em tramas,
para acordar do ócio o sono imperial;
ou cantarei aos nobres de Bizâncio e às damas,
pousado em ramo de ouro, como um pássa-
ro, o que passou e passará e sempre passa.
sexta-feira, 14 de março de 2014
Fotógrafo e bodhisattva
“A câmera e a vida espiritual de Matthieu são uma coisa
só, da qual saltam essas imagens fugazes e eternas.” (Henri Cartier-Bresson)
(Matthieu Ricard)
segunda-feira, 10 de março de 2014
Labirintos, monstros & Borges
Na estreia da Revista Palávoraz, cujo primeiro número tem como tema Jorge Luis
Borges, o conto “No palácio do machado de dois gumes”, minha versão para “A
casa de Astérion”, na página 41.
Participam do número Ademir Demarchi, Alice
Santa’Anna, Ana Rüsche, Carlos Henrique Schroeder, Claudio Celso Alano da Cruz,
Denise Freitas, Ernani Ssó, Erre Amaral, Josely Vianna Baptista, Leila
Guenther, Luís Giffoni, Manoel Herzog, Maria Elisa Rodrigues Moreira, Mariana
Collares, Mariana Ianelli, Manuela Afonso, Mauro Faccioni Filho, Mel Boëchat,
Micheliny Verunschk, Patrícia Ferreira, Raul Arruda, Rebecca Monteiro, Ronald
Augusto e Silvana Guimarães.
domingo, 9 de março de 2014
Esculturas musicais
"Esculturas musicais", Revista Zunái, março de 2014:
HERBERTO HELDER
YVETTE CENTENO
CASIMIRO DE BRITO
HORÁCIO COSTA
ALICE RUIZ
GLAUCO MATTOSO
JORGE LÚCIO DE CAMPOS
KARINE KELLY PEREIRA
MARCO AQUEIVA
GABRIELA MARCONDES
LEILA GUENTHER
CARLOS MOREIRA
MARCUS GROZA
LUCAS PERITO
LEPOTA C. COSMO
ÁLVARO SEIÇA
GRACCO OLIVEIRA
ALEXANDRE PAZA
CÉSAR KIRALY
HERBERTO HELDER
YVETTE CENTENO
CASIMIRO DE BRITO
HORÁCIO COSTA
ALICE RUIZ
GLAUCO MATTOSO
JORGE LÚCIO DE CAMPOS
KARINE KELLY PEREIRA
MARCO AQUEIVA
GABRIELA MARCONDES
LEILA GUENTHER
CARLOS MOREIRA
MARCUS GROZA
LUCAS PERITO
LEPOTA C. COSMO
ÁLVARO SEIÇA
GRACCO OLIVEIRA
ALEXANDRE PAZA
CÉSAR KIRALY
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sexta-feira, 7 de março de 2014
O sobrevivente
Impossível compor um poema a essa
altura da evolução da [humanidade.
Impossível escrever um poema - uma linha que seja - de [verdadeira poesia.
Impossível escrever um poema - uma linha que seja - de [verdadeira poesia.
O último trovador morreu em 1914.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais.
Há máquinas terrivelmente complicadas para as [necessidades mais simples.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais.
Há máquinas terrivelmente complicadas para as [necessidades mais simples.
Se quer fumar um charuto aperte um
botão.
Paletós abotoam-se por eletricidade.
Amor se faz pelo sem-fio.
Não precisa estômago para digestão.
Paletós abotoam-se por eletricidade.
Amor se faz pelo sem-fio.
Não precisa estômago para digestão.
Um sábio declarou a O Jornal que
ainda falta
muito para atingirmos um nível razoável de
cultura. Mas até lá, felizmente, estarei morto.
muito para atingirmos um nível razoável de
cultura. Mas até lá, felizmente, estarei morto.
Os homens não melhoram
e matam-se como percevejos.
e matam-se como percevejos.
Os percevejos heroicos renascem.
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo [dilúvio.
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo [dilúvio.
(Desconfio que escrevi um poema.)
(Carlos Drummond de Andrade)
terça-feira, 4 de março de 2014
domingo, 2 de março de 2014
"Call out my nameless"
(CocoRosie, "Harmless Monster", cuja versão mais bonita - ao vivo -, que não foi possível incorporar, está aqui)
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